sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Desafio de Aprendizagem e os Desafios para a Educação a Distância...


            A Educação a Distância é uma modalidade educacional que pode se tornar uma opção fecunda para a democratização do conhecimento científico-acadêmico e profissional para o conjunto da população brasileira, sem substituir a educação presencial, mas, por outro lado, pode se tornar numa modalidade com pouca credibilidade e, pior, certificadora, o que causaria a médio e longo prazo efeitos catastróficos para a formação e qualificação dos cidadãos brasileiros.
            Esta preocupação do professor do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná Ricardo Antunes de Sá, postado no dia 01/03/2010 na Gazeta do Povo traduz a preocupação de nós estudantes da Educação a Distância.
            A proposta da atividade da Pós Graduação em Metodologias e Gestão para a Educação a Distância em acompanhar durante quatro semanas 2 (dois) blogs que tratem de temas relacionados à Educação a Distância trouxe algumas descobertas. A busca por essas leituras possibilitou a reflexão sobre a dimensão dessa modalidade de ensino em nossa sociedade brasileira.
            Muitas discussões encontradas nos blogs estão pautadas na qualidade da educação à distância e do uso das tecnologias na EAD. É importante ressaltar que as tecnologias estão diretamente ligadas à qualidade da educação, mas não é o fator primordial!
            Os Referenciais de Qualidade para EAD, estudados nas primeiras aulas do curso, evidenciaram que a oferta qualitativa de produtos e serviços em educação a distância está em consonância com os desafios impostos à educação na sociedade do conhecimento. Os desafios são muitos e algumas concepções simplistas precisam ser superadas.
            A definição dos Referenciais de Qualidade feitas pelo Ministério da Educação traz como elementos a gestão dos processos; a estrutura organizacional e funcional; a metodologia de ensino; as tecnologias de informação e comunicação, em suas dimensões pedagógicas e comunicacionais; a avaliação da aprendizagem; e a autoavaliação como pressupostos para garantir a eficiência e eficácia da oferta dos programas educativos à distância. (pag.3).
            Esta eficiência e eficácia se apresentam como indispensáveis e indissolúveis para garantir a qualidade da educação brasileira. Esse compromisso com a educação perpassa os espaços físicos, as tecnologias utilizadas e a capacitação dos profissionais que atuam nesta modalidade de ensino. São saberes diferenciados para um público diferenciado. Está intimamente relacionado com um modelo pedagógico adequado à realidade da instituição que o abriga e dos estudantes por ela atendidos, conforme reitera os Referenciais de Qualidade da EAD.
         É preciso compreender as especificidades da Educação a Distância e os seus componentes formativos, pois ela transforma os papéis de quem ensina e dos que aprendem por meio da convivência com o outro, com o aprendizado individual, coletivo e partilhado.
     A visita ao blog Educaed- Educar para ensinar a distância não traz muitas postagens de artigos, entretanto, encontrei um artigo que relata exatamente as ideias que comungo, quando a pedagoga Cristina França escreve o texto: Rompendo as barreiras do tradicionalismo com as Novas Tecnologias Educacionais.
     Ela desperta uma reflexão sobre a sociedade atual, reiterada pela era da informação tecnológica instantânea. Segundo ela, essas transformações acabam por exigir uma nova postura do profissional da educação em relação as suas práticas e o uso das ferramentas tecnológicas no desenvolvimento do trabalho educacional.
       Compartilho com a autora essa afirmação. Também acredito que não basta aos educadores apenas fazer cursos e mais cursos de atualizações, pois é preciso compreender e adequar á pratica diária o significado e a importância das Tecnologias da Informação e Comunicação no processo de ensino e aprendizagem do aluno.
      A preocupação da autora se dimensiona ao afirmar que apesar do grande número de informações e comprovações sobre a Educação a Distância, muitos educadores ainda resistem em admitir sobre a eficácia desta modalidade, bem como relutam ao uso das tecnologias de comunicação em suas práticas docentes.
         A vivência em sala de aula me assegura afirmar que realmente temos um grande desafio a ser superado! As tecnologias que deveriam auxiliar os educadores em suas práticas acabam se tornando uma preocupação para os mesmos. Em suas palavras Marise Brandão, Orientadora Tecnológica Educacional do Governo do Estado do Rio de Janeiro afirma:
          Eles  [crianças e jovens] ‘vivem’ tecnologias e quem não vive sonha em viver. É o mundo deles. Isto é fato. Como ignorar este potencial? Como permanecer no cuspe e giz?
          Creio que a reflexão da educadora nos preocupa também. Ao passo que ainda temos muito a avançar. Alguns mitos persistem e aterrorizam alguns educadores mediante as tecnologias em sala de aula. Outros preconceitos perpassam a Educação a Distância e suas possibilidades de aprendizagem.
        Particularmente fui compreender a dimensão da EAD quando iniciei uma especialização à distância e quando comecei a trabalhar em uma instituição de ensino na modalidade a distância. A vivência nos aproxima do sentido real das palavras.
          A intertextualidade promovida através dos textos e dos blogs contribuiu para um melhor entendimento sobre o quanto precisamos aguçar um novo olhar para a Educação a Distância.
          Ao acompanhar o blog Educação brasileiro de Educação a Distância me deparei com uma afirmação do filósofo francês Pierre Lévy:

As tecnologias de comunicação, mesmo as mais avançadas, não são capazes de construir por si próprias novas formas de saber e de inteligência. Isso porque, seu impacto sobre as existências individuais e coletivas depende diretamente da habilidade das pessoas que as utilizam.  (Entrevista publicada na edição número 131 da revista Com Ciência, de setembro de 2011, USP).



             Esta é uma preocupação a ser discutida quando nos referimos a EAD. Conforme Pierre Lévy (2011) a habilidade demonstrada pelas pessoas na interação com os equipamentos que torna mais ou menos ricas a produção e a transmissão de informação mediada pela tecnologia e, consequentemente, o processo de produção do conhecimento. 
          Por isso é importante compreender as características particulares da EAD e de todos os envolvidos neste processo. Conforme nos afirma o Referencial de Qualidade para a EAD, pensar em uma educação a distância de qualidade significa atender eficazmente os diferentes serviços e processos disponibilizados aos professores e estudantes durante a jornada de estudos. Não dá para responsabilizar apenas o professor ou o aluno pelo processo de ensino e aprendizagem, se tratando de EAD, muitas questões se tornam dignas de observação.
        Por meio da Portaria nº 4.059, de 10.12.2004, o Ministério da Educação permitiu às instituições de ensino superior introduzir, na organização pedagógica e curricular de seus cursos superiores reconhecidos, a oferta de até 20% de disciplinas integrantes do currículo na modalidade semipresencial.
         De acordo com a postagem realizada no blog Educação à distância: a educação democrática do futuro, realizada por Moacir da Silva Garcia, muitas mudanças ocorreram na educação brasileira desde a implementação da Educação a Distância. Segundo ele, Para um número considerável de brasileiros a educação a distância foi muito importante, já que se não fosse essa modalidade de educação, certamente seus planos de concluírem um curso superior demorariam muito mais.
          Além disso, muitas fronteiras foram dissipadas e a EAD conseguiu chegar a lugares em que era difícil a implementação da uma Universidade Presencial. Acredito que ambas as modalidades de ensino são importantes e que uma não substitui a outra, mas se complementam.
    Os estudos dos textos de Metodologias e Gestão em Educação à distância, bem como o acompanhamento dos blogs sugeridos pelo tutor, e o acesso a outros blogs complementares foram de suma importância para suscitar novas discussões e aprendizagens sobre a EAD.
         Na busca por encontrar blogs, me deparei com um universo de informações, de pessoas que acreditam e se preocupam com a EAD. Percebi que há muito para ser discutido e abordado. Todas as reflexões oportunizadas pelas aulas transmitidas pela Web, pelos materiais disponibilizados no Ambiente de Aprendizagem, pelos Fóruns, pelas sugestões de atividades, pelas leituras complementares e pelos slides dos professores representaram o início de um estudo amplo, desafiador e prazeroso que ainda está por vir.


Referências:


Blog brasileiro de Educação a Distância: Entrevista Levy Pierre: http://www.educacaoadistancia.blog.br/pierre-levy-novas-formas-de-saber/. Acesso em setembro de 2011.


Ricardo Antunes de Sá: Concepção e qualidade da educação a distância no Brasil. Gazeta do Povo. Entrevista em 01/03/2010. Disponível em: http://www.iea.org.br/noticias/concepcao-e-qualidade-da-educacao-distancia-no-brasil. Acesso em setembro de 2011.

ROESLER, J. Os parâmetros legais para uma educação a distância de qualidade. Pós Graduação 2011. Leitura Fundamental - Aula 2. A Gestão da Educação a Distância. Universidade Anhanguera Uniderp.

Para início de conversa...

Olá estimados colegas! Este blog foi criado com a finalidade partilhar algumas reflexões sobre a Qualidade da Educação a Distância adquiridos por meio de leituras e debates realizados no curso de Pós Graduação em Metodologias e Gestão para a Educação a Distância!
Por que evidenciar a qualidade? Atualmente, a palavra qualidade é um quesito obrigatório para muitos em nossa sociedade capitalista. Quem não preza pela qualidade? Qualidade em tudo aquilo que buscamos, que nos é oferecido, que oferecemos aos outros. Muitos debates educacionais se referem a uma qualidade superficial da educação. Uma qualidade que mede demasiadamente e sem argumentos a diferença do ensino a distância e o presencial, como se a qualidade pudesse ser medida ou comparada pura e simplesmente entre essas duas modalidades de ensino. Atualmente estudo em uma Universidade presencial e outra a distância. Equivocadamente acompanho algumas discussões que reduzem  uma modalidade de ensino em comparação a outra. Todavia essas discussões tão pouco consideram que ambas, em suas especificidades possuem seus prós e contras e que nenhuma poderá denominar-se superior a outra. A falta de conhecimento sobre determinados assuntos nos levam erroneamente a opinar sobre algo que não conhecemos e não vivenciamos. Alguns preconceitos e mitos ainda prevalecem nos ambientes escolares, nas universidades e nas instituições de ensino. Discutir a qualidade da educação nos reporta ao questionamento sobre qual qualidade estamos falando. A qualidade do ensino ou a qualidade das metodologias de ensino? A qualidade da modalidade ou a qualidade individual e social da educação? Qual o papel da educação para a sociedade? Se o Ensino a Distância e o Ensino Presencial conseguem cumprir seu papel social e individual em relação a formação integral do sujeito, ambas terão seus méritos. Caso evidencie a falta desses saberes e habilidades, ambas estarão colocando a qualidade desta formação em pauta. É evidente que muitas reflexões precisam ser suscitadas.Entretanto sabemos que a escola não é neutra e quaisquer outras instituições de ensino também não. Todas têm uma função social e está diretamente relacionada as políticas públicas em uma dimensão muito maior que os muros da educação. São fronteiras muitas vezes imperceptíveis que nos convidam a refletir e questionar certos conceitos e opiniões arraigadas em nossas práticas cotidianas. Convido a você, estimado leitor, cara leitora, a partilhar um pouco de suas experiências e reflexões sobre a qualidade da educação brasileira.